sábado, 29 de dezembro de 2012

Medo de se apaixonar

"Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada."
"Levanta dessa cama garota. Anda! Sei que tá doendo, mas levanta. Coloca uma roupa. Passa a maquiagem. Arruma esse cabelo. Ajeita a armadura. Segura o coração. Sai por aquela porta. Enfrenta o vento. Sorri pro sol. Segura o coração. Olha pra ele. Passa reto. Não caia. Não caia. Engole o choro. Finge de morta quando ele falar com você. Seja fria. Continue andando. Enfrente seus problemas de cara. Reaja. Vai. Tá pensando que é só você que sofre? Tá enganada. Anda menina. Para de ser infantil. A culpa não é de ninguém…"
"Talvez, ele passa a mão na barba mal feita e sinta saudade do quanto você gostava disso".

"Eu constantemente sinto saudade das coisas que perco, mas não as quero de volta. Já doeu uma vez".
"Amar é o combustível da vida. O problema é que eu só encontro posto adulterado."
"Toda sacanagem de moleque é feita em bando. Homem sozinho não sabe ser mau. Ou melhor: homem sozinho não acha divertido ser mau."
"Nunca notou que mulheres como eu não são fáceis de se ter? São como flores difíceis de cultivar. Flores que você precisa sempre cuidar, mas que homens que gostam de praticidade não conseguem. Homens que gostam das coisas simples. Eu não sou simples, nunca fui. Mas sempre quis ser sua. Você, meu homem, é que não soube cuidar. E nessa de cuidar, vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais. Dessa minha mania tão boba de amar errado. "

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

O que mais me encanta no ser humano é quando ele consegue enxergar suas próprias fraquezas. 
Diariamente somos testados por nossos medos, nossas fragilidades, nossas incertezas. Vivemos rodeados de gente que se busca, que se perde, que não se entende. Mas sente. De alguma forma as pessoas aprenderam a sentir. Algumas numa intensidade tamanha; outras a sua maneira. Rasa. Mas sentem. E isso já é lindo.  
Hoje, eu consigo enxergar a vida de uma forma diferente da que eu tinha ontem. E que felicidade reconhecer isso. Que alegria saber que eu posso mudar do dia para a noite. Ou o reverso disso. A ordem dos fatores é só um detalhe. O que vale mesmo é ouvir-se no meio deste turbilhão que trazemos dentro. 
Temos uma fome insaciável de felicidade. Queremos tudo ao mesmo tempo.  Queremos amar e ser amados. Queremos sorrir e ficamos felizes quando somos retribuídos. Nós queremos, buscamos, corremos. E o que somos nisso tudo? 
Penso que somos as sementes do que lemos, das experiências que tivemos, do que a gente aprendeu na escola da vida. E como aprendemos. Todos os dias. Somos referências para alguns e temos outros como a nossa. Queremos ser eles, quando crescermos.  
O tempo passou e cá estamos nós. Sós. Querendo carinho, querendo um afago, um abraço sincero. Um abraço de urso. Somos humanos. Podemos ser sorrisos e lágrimas em uma mesma nota. Somos equilibristas no trapézio da vida. Somos. Tanto. Tantos.
E sem querer agimos por impulso. Falhamos. Decepcionamos. E nos decepcionam também. E a gente tem que aprender a lidar, a driblar, a viver. A fraqueza que eu comentei logo no início, é daquela parte da gente que pouco fala, que pouco é ouvida. Daquela parte que, na nossa pressa, deixamos de lado. Deixamos para depois. Para um dia desses, quem sabe. Se der tempo. 
Por isso, é que todos os dias eu tento me entender. E me perdoar. E me amar, mesmo com as fraquezas que tenho. Eu me aceitei assim. Imperfeita. Impura. Frágil. Humana. Na essência do sentimento. E da palavra que ela quer dizer.
Bibiana Benites
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...