'(...) eu tive que ficar quieta no meu canto, toda lacerada pela falta.
Foi um período solitário em que vivi o luto necessário. Ele nem
desconfiou que eu também estava triste, talvez se sentisse melhor se
soubesse. Mas eu tinha que fazer valer minha palavra, demorei muito
tempo tomando coragem. Demorei muito tempo desparafusando aquela gaiola e, depois, reaprendendo a voar.
Tive
ímpetos de escrever uma carta falando das qualidades dele, de tudo que
havia me feito crescer. Mas quando fui escrever só consegui dizer:
desculpe, não se pode negociar com a paixão. Porque eu também não entendo às vezes esses caminhos que a vida tece. E nós que morávamos um no outro, ficamos sem casa. Perdoe a falta de abrigo, é que agora eu moro no caminho.'
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