"Tenho sentido uma enorme e discretíssima
felicidade apenas por acordar cedo
(acordar já é vitória; cedo, vitória dupla),
fazer café, fumar um cigarro,
abrir janelas, arrumar a cama.
Depois, tomar um mate e ler o jornal,
então, é o paraíso.
Paraíso por dentro,
descontadas as notícias
cada vez mais e mais medonhas.
Mas sempre, uma consciência da ilusão
dessa loucura externa.
Quando a gente “enlouquece”
o problema é a leitura simbólica
que se passa a fazer de absolutamente tudo.
Um fósforo que não acende
pode assumir a importância
do fogo de Prometeu. Literalmente.
Não que tudo não seja mesmo assim,
só que a gente também não suporta
ficar tão mítico-antropofísico-arquetípico assim.
É mais simples, é mais embaixo,
é tudo ilusão."
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